Atendimento
Notícias

RELACIONAMENTOS NO TRABALHO: PERSPECTIVAS JURÍDICAS E BOAS PRÁTICAS

Postado em Artigos no dia 15/07/2024

No mundo corporativo atual, é comum que as linhas entre vida profissional e pessoal acabem por se entrelaçar, criando um ambiente onde relações pessoais podem vir a florescer. Entre reuniões, confraternizações e pausas para o café, os laços de amizade e até mesmo relacionamentos amorosos podem vir a se desenvolver entre funcionários, sendo notório que passar mais da metade da semana em um ambiente profissional, transforma este em um dos principais cenários de interação social na vida adulta.

De acordo com a Sociedade para Gestão de Recursos Humanos (SHRM) dos EUA, 49% dos trabalhadores norte-americanos tiveram um "crush" no trabalho no último ano, 21% participaram de encontros com colegas e 11% usaram aplicativos de namoro para encontrar parceiros no ambiente profissional. Além disso, 74% dos entrevistados que se envolveram romanticamente no trabalho relataram que a experiência foi positiva, aumentando a motivação e o compromisso com a empresa.

Falando sobre o Brasil, a Constituição Federal garante o direito à privacidade e à intimidade, conforme denota-se do art. 5º, inciso XI da mesma, sendo que qualquer interferência indevida na vida pessoal dos empregados pode vir a configurar dano moral.

Diante destes fatos, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Agra Belmonte, ressaltou que a invasão da privacidade, seja presencial ou virtual, é inadmissível e passível de indenização, ao passo que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não aborda diretamente os relacionamentos amorosos entre colegas dentro de seu texto, delegando às empresas a criação de políticas internas para melhor organização de seus colaboradores e situações que podem vir a surgir.

Desta forma, recomenda-se que as empresas desenvolvam e promovam códigos de conduta claros, com normas bem definidas sobre relacionamentos amorosos no trabalho, especialmente para indivíduos em cargos de alta responsabilidade, sendo que transparência e ética são fundamentais para evitar conflitos de interesse e assegurar um ambiente profissional saudável.

Neste passo, importante destacar que, recentemente, a Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do Tribunal Superior do Trabalho reafirmou o direito de casais que trabalham na mesma empresa de tirarem férias conjuntas, refletindo a importância do equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Conclui-se, portanto que, gerenciar a interseção entre vida pessoal e profissional é um desafio contínuo e, as empresas devem promover políticas claras sobre determinadas situações, de modo a respeitar os direitos de seus colaboradores, a fim de criar um ambiente onde profissionalismo e vida pessoal possam coexistir harmoniosamente.

Artigo realizado por Matheus M. Kawamata, Departamento Trabalhista.


« voltar